Wednesday, November 30, 2005

A frog's sex life

Tomorrow I'll be mister frog man! Extracts of what's coming: "High quality eggs are laid individually rather than in strings. They should be round, firm and not flaccid. The idea is to mimic the actions of a male frog and to encourage the female. Learn to use a firm but gentle touch. If performed correctly, the females remain relaxed during the procedure, except when actually pushing the eggs out. Gently but firmly massage the belly with one thumb. After less than 1 minute, she will begin to lay. If not, repeat the massage with increased pressure. An agitated frog can be calmed by holding her against the handler's lab coat"... lovely.

Tuesday, November 29, 2005

NY pull


NY pull
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New York atrai-nos à distância. Follow the light...

Thanksgiving e inverno


Duck story
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Monday, November 28, 2005

Os russos e a biologia

Tenho visto poucos russos em biologia. Esta ausência é particularmente notória quando comparada com a abundância de russos em física e matemática. É talvez porque o auge da união soviética coincidiu com o auge das ciências duras (corrida nuclear, espacial, etc), ou talvez porque a biologia custa muito dinheiro, ou talvez porque os russos são demasiado analíticos para uma ciência mole como a biologia. Gostaria de saber o que acharia o Nekrasov da biologia celular.

Uma excepção: o Misha Gromov (dos invariantes de Gromov-Witten), que durante uns anos estudou a formalização de estruturas biológicas e escreveu "Mathematical slices of molecular biology". Mostrei este texto ao meu chefe, M. Kirschner, que o achou um pouco naive, se bem que muito interessante, particularmente o ênfase em por números em tudo o que é quantitativo: espécies de proteinas, pesos moleculares, energias e escalas de tempo de reacções químicas, coeficientes de difusão, dimensões celulares, etc. Quando parecia que o Gromov seguia para outros interesses, eis que organisa no IHES (em Paris) uma conferência sobre inovação em sistemas biológicos (http://www.ihes.fr/GENOMIQUE/entretien3/innovation.html), um dos temas verdadeiramente interessantes em biologia.

Friday, November 25, 2005

Gente gira

Eu esperava encontrar em Harvard hordas de gente interessante, que tivesse viajado meio mundo ou que fosse mudar meio mundo. Até agora tenho encontrado, na medical school, sobretudo gente inteligente e super competitiva. Tirada kunderiana: O que é uma pessoa interessante? é uma pessoa que junta em si traços de carácter que me parecem contrários, e cuja fusão coerente me ensina alguma coisa sobre eles, que os alarga. Ou alguém também cujo carácter tenha aspectos tão refinados ou fortes que sai do ordinário. Resumindo, são pessoas que nos forçam a alargar o nosso horizonte da "possibilidade humana".

A vida na Universidade parece ser mais interessante do que na Medical school. Provavelmente o problema é meu que estou demasiado ocupado para aproveitar as talks, os eventos, as oportunidades diárias na universidade. Mesmo assim, eis algumas pessoas interessantes que conheci nas últimas semanas: um padre chapelão bioquímico, um campeão de pinball, uns jogadores de xadrez.

Encontrei o padre chapelão bioquímico no lançamento do livro "The plausibility of Life" (escrito pelo meu patrão M. Kirschner), que procura explicar com base em biologia celular e de desenvolvimento como a evolução produz necessariamente o tipo de especialização e diversidade que se vê. No contexto da promoção das teorias criacionistas por grupos cristãos mais ou menos fundamentalistas, perguntámos ao padre, entre dois queijos, o que ele achava da coisa. Disse ele: temos um coração e um cérebro, é preciso usar o coração e o cérebro (basicamente, dar a César o que é de César, etc) e portanto que não via contradição nenhuma entre a ciência (enquanto conhecimento fundamental) e a religião. Concordo perfeitamente, e seria interessante debater se no fundo, para quem é religioso, a fé não deverá necessariamente receber os avanços científicos fundamentais como parte de uma graça maior, a inteligência. [Sendo irlandês, o nosso padre ia bebendo e contou-nos a sua história. Começou com um PhD em harvard em bioquímica, onde encontrou uma proteina que bloqueava a proteina Tripsina e que por isso baptizou de Stripsin, para grande choque da sua tia freira.] O padre era: religioso, cientista, divertido, comilão, lúcido e irlandês. Podem tirar daqui os vários pares de contrários, hehe.

O campeão de pinball encontrei-o no aeroporto. Estava sentado escondido por detrás de um troféu de metro e meio, do campeonato nacional de ... pinball. Isso mesmo. Há gente para tudo. Com ele aprendi tudo sobre como preparar a "estratégia do jogo", e como dar porrada na máquina para ganhar pontos (é permitido, o pinball não é para fracos!). Thrilling! E para o ano há mais. Ok, este talvez seja um pouco nerd, mas quem não tem um cantinho nerd?

Os jogadores de xadrez jogam em Harvard Square, no café Au bon pain, de verão na esplanada e agora lá dentro. São todos homens, em geral de meia idade e têm o ar pesado de quem não tem a vida fácil. Alguns devem ser operários, vários são estrangeiros, os brancos estão em minoria. Também aparecem uns jovens intelectuais, ontem havia um a ler Marx (eu às vezes sigo os jogos quando lá vou tomar um café, e gosto de os observar). A princípio fala-se bastante, mas rapidamente eles deixam os jogadores concentrar-se. Os jogos parecem bons, pelo menos para mim. Estes tipos, alguns falam pouco inglês, passam alí horas numa actividade mental puxada, vários dias por semana; achei muito interessante, pronto. E com certeza se um dia me meter na fila para jogar, levo uma abada.

Thursday, November 24, 2005

Hancock buildings, Boston


Hancock buildings, Boston
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Estes gajos da Hancock são uns megalómanos. Aqui têem não um mas dois prédios, o Hancock the younger (o alto, laminar, azul, lindo) e o the elder (à esquerda). O mais velho tem uma antena cuja cor anuncia o tempo a vir. Encarnado é bom calor, pisca pisca é tempestade, em breve saberei o que é neve.

Este verão morei ao pé da igreja que se vê na fotografia (por acaso até se vêem duas). Bonito. Mas enfim, é Boston. O rio Charles, onde no verão se faz vela, no inverno gela. A montante de Boston, o rio gelado tolera a patinagem. O inverno terá o seu charme aqui.

Hancock building, Chicago


Hancock building
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P'tain, que está frio! De agora até Abril seremos inseparáveis de luvas, casacões e cachecois. Sair à noite só de taxi. Falar ao telefone na rua, sem luvas nem pensar. A população de fumadores vai baixar com certeza. E pensem só, vai estar frio demais para usar só um par de calças (os jeans são as mais frias): é isso mesmo, vai ser preciso usar... ceroulas, meus amigos! Mas nem tudo é mau, é capaz de haver aí um mercado à nossa espera, o mercado das ceroulas sexy!

Voltemos à seriedade informativa que caracteriza o blogue: nesta sociedade capitalista, os prédios levam o nome dos donos. É como chamar Gulbenkian à Gulbenkian, ou Lusomundo ao centro comercial no saldanha. Eu por exemplo trabalho no W. Alpert building, almoço na Gordon Cafeteria, tenho conferências no Cannon room e provavelmente vou à Crapper mens room! O exemplo de grandes homens está em todo o lado. A companhia de seguros Hancock (homónima ao primeiro signatário da declaração de independência, bostoniano claro, e enterrado aqui ao pé de minha casa - os cemitérios históricos de boston têem muito que se lhe diga, e ficam para outro dia), a dita companhia tem a mania de fazer prédios em todo o lado, o que lhe dá uma publicidade do caraças: nunca tinha ouvido falar do gajo, mas este prédio em chicago foi muitos anos o mais alto do mundo (até os retailers da Sears construirem um maior uns quarteirões abaixo). Sic transit...

A propósito, como se diz em Latim "entra" (tipo o antónimo de exit)? Alguém que faça teatro que saiba?

Saturday, November 19, 2005

Implicit @ Harvard

Um estudo experimental sobre os nossos preconceitos, conscientes ou não. Experimentem fazer um teste, é uma forma inteligente de examinar o nosso subconsciente. Dá para ver como os preconceitos são manipuláveis a curto prazo com algum treino. Haverá uma transição de fase com efeitos a longo prazo ?

implicit.harvard.edu

Dito isto, qual é o estatuto científico da hipnóse?

Friday, November 18, 2005

Americanices

Vejamos como corre uma viagem nos states. Se com isto se pensa que eu não conheço os states, desenganem-se. Eu conheci a vida americana suburbana, há 10 anos. Mas devo ter mudado entretanto, ou então mudou o país, que não o reconheço bem. É o que dá viver em Paris ...

Que nem um francês pimpão, eis-me aqui então a fazer a crónica pois claro um pouco crítica do meu novo país de acolhimento. Para isso nada melhor do que uma viagem de avião. Vê-se de tudo.

No aeroporto, o tipo da segurança pasma-se com a longura do meu nome, o que é normal. Mas depois pergunta-me se venho de Portugal, pois claro que sim, ah! diz ele (em português) eu sou de S.Miguel e vim para trás a semana passada!

Os tugas trucidam o português com requintes locais. Vindo de Paris França achava eu que tinha visto a fina flor da língua mal parlada, com os montar as escadas e as butelhas. Em Londres é o mesmo, com o yeah partout. Aqui, se descontarmos o sotaque extraordinário de S. Miguel, a marca do emigra tuga é o "épah, agora não posso, já te chamo para trás!" (par contre, eu não trucido o português, vou enriquecendo-o com expressões estrangeiras intraduzíveis e deliciosas).

Americanices irritantes:

No aeroporto, há televisões em todos os cantos e cafés a debitarem as últimas notícias, sobretudo do Iraque, onde novos ataques suicidas em mesquitas mataram mais dezenas de pessoas. Os nativos passam a vida ao telefone e a olhar para as TVs. Nas filas são tão irritáveis como os europeus, com a mesma mania irritante de mandar uns bitoques a queixar-se de n'importe quoi. No entanto, teem um sacré respeitinho às autoridades. Tenho a impressão que se for preciso despem-se ali mesmo, nos raios x. Tiram todos os sapatinhos, sem ninguém lhes pedir. Eu não tiro e não me adveio daí nenhum mal. É preciso ter um pouco de cabecinha, quand même, e não ter trabalho para nada.

"How are you doing today?" Ao princípio esta saudação surpreende. O viajante incauto olha em volta, sem saber se estão a falar com ele, será que conhece a senhora de algum lado. Depois habitua-se, e vai respondendo por politesse, muito bem obrigado, and you? erro crasso, que a senhora só quer é atender o pedido e não está à espera de perguntas que lhe fazem perder tempo, e o sorriso forçado. Finalmente, rompendo com os seus princípios, o nosso emigra responde imediatamente, com voz grossa e à americana, Fine, 2 cokes please! triste fado... Há uns empregados que relêem o menu todo, metade em francês ou italiano, e sem perceberem patavina do que dizem; há que dizer delicadamente que não ajuda nada! E depois, será que os americanos não sabem ler?

O que é irritante aqui não é só o sorriso forçado, bem chamado americano, mas o "today". É óbvio que a frase implica o today. Aí está um maneirismo feio, na minha opinião, e que se propaga por todo o lado, e talvez um dia transforme a língua inglesa. Estou muito preocupado...

"God bless your heart". Mas que lata, que tem a senhora a ver com o meu coração? quase lhe respondi: and bless your lymphatic system. Mas vi que a senhora me queria bem, e depois há que refrear a tendência nerd que vai surgindo, como quem não quer a coisa. Enfim, desde que não me venham com tretas destas.

Próximos episódios: boas americanices. o halloween, o thanksgiving, a multiculturalidade, a generosidade, as decorações de natal. (na rua acabei de receber um gluhwein e bolos de natal, as festividades abrem hoje!)

Chicago


magnificent mile 2
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A "milha magnífica" em Chicago tem vários dos mais altos prédios do mundo, construidos sobre as ruínas de Chicago ardido em 1871. A velha estação dos bombeiros sobrevive (como se vê), o que não só prova que Deus existe mas que também é irónico.

Chicago é uma cidade à séria, que se impõe a quem chega. As ruas aqui estão cheias de gente, cheias de gorros e cachecóis que nem os esquimós (sinal ominoso do que está para vir...), e dependendo das ruas são ou muito bonitas (muito mais do que em Boston, pfff!) ou metem medo. Deve ser esta a América com que o mundo fantasia. As pessoas são francamente mais simpáticas do que na costa leste: um ditado diz mesmo que a simpatia (há quem junte a beleza) cresce com cada passo que se dá para oeste. So far, so good...

18 de Novembro

"Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito"

David Mourão-Ferreira

o pantano de never ending story


o pantano de never ending story
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Num bosque ao norte de Boston.
Vinte minutos depois estava noite cerrada.

Outono na terra dos Pequot e dos Mohican

Leonard Cohen, abóboras, hazelnut caffee, e uma luz linda.
Amanhã, mais um free breakfast e um seminario sobre como as células controlam a sua forma. É só quebra de simetria.

Não há sinais dos índios, a não ser nos nomes de sítios e numas reservas down in Connecticut. Talvez façam uma festa pelo thanksgiving, ou talvez não.

Cenas dos próximos episódios: o nosso herói vai intrepidamente passar o fim de semana a uma metrópole à sério, na terceira costa americana...

Wednesday, November 16, 2005

o primeiro dia

Como quem não quer a coisa, toca a fazer um blog. Toca a usar expressões idiomáticas. Toca a por o suco do dia a dia bostoniano ao dispor dos amigos lusófonos ou filo-lusófonos (são mais do que se pensa).

Para daqui a um ano me lembrar: quarta feira, depois de group meeting semanal número 3, a preparar o número 4 (só para dizer que temos muitos meetings por semana, felizmente muitos incluem free food), acabadinho de chegar de uma aula de tango bastante geométrica, encharcado e a ouvir Air.

Free food. É um tema tão importante aqui nos states que lhe hei de dedicar vários textos. Ou composições, como na primária. Já há algum tempo que não usava a língua portuguesa assim, não me admirava se der erros...

Para primeiro dia já chega. Adeus e até amanhã.

(referências oblíquas a programas infantis dos anos 80 também contam)